Falar e apontar o problema é muito conveniente para consultores em melhoramento genético como nós. É por isso que, depois de apontar o dedo e “futucar” na ferida, nos sentimos na obrigação moral de humildemente sugerir soluções para o problema.
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Não sei se você já viu o filme de faroeste, The Good, the Bad & the Ugly (O Bom, o Mau e o Feio), dirigido pelo italiano Sergio Leone, e estrelado por Clint Eastwood, Lee Van Cleef e Eli Wallach e com trilha sonora de Enio Morricone.
Esta história começa em 2001, quando estivemos na África do Sul, sob a tutela do Professor Daniel Bosman, nosso conselheiro e consultor no Qualitas, em busca de vacas da raça Bonsmara para coleta de embriões, a pedido da Fazenda Mariópolis de Itapira-SP.
Não sabemos e talvez não seja possível saber, quando o primeiro ser humano (pode ter sido tanto um homem quanto uma mulher) determinou que os “melhores” (mais “carnudos”) bovinos de um rebanho não fossem consumidos, mas sim, preservados para reprodução. Acredito que foi nesse momento o início do que hoje chamamos de seleção de bovinos de corte com o propósito de aumentar a produção de carne.
Seguiremos com a nossa “pregação” sobre a importância do melhoramento genético nos resultados da atividade pecuária.
Até o início dos anos 2000 a utilização da inseminação artificial evoluiu a passos lentos pois esbarrava na dificuldade operacional da tecnologia.
A necessidade de efetuar a observação visual de cio das matrizes – operação de baixa eficiência pois, mais de 50% dos cios não são detectados pelos vaqueiros – desmotivava os produtores a aderirem a técnica.
Qual o real impacto que o aumento do ganho de peso médio diário tem na produção de arrobas por hectare ao ano? Em palestra realizada em junho durante a Beef Expo, evento ocorrido em São Paulo-SP, o médico veterinário e diretor do programa de melhoramento Nelore Qualitas, Leonardo Souza, quantificou o índice para mostrar a importância do foco no GMD para o resultado financeiro da propriedade.
Procurando subsídios para fazer uma apresentação, recebi do Fábio Dias, meu “ex” patrão, que agradeço por ter me colocado nessa história de melhoramento genético e que, atualmente é diretor de relacionamento com o pecuarista do JBS, algumas tabelas sobre os abates da empresa em 2015 e 2016. Foram 14,6 milhões de animais abatidos, classificados por sexo, idade e acabamento.
Mesmo com a valorização da arroba nos últimos anos, é comum ouvir pecuarista reclamando que o negócio está cada vez pior. A justificativa é que os custos subiram demais e a arroba no valor que anda “não paga a conta”.
No momento em que o homem conseguiu domesticar os primeiros animais ele começou a interferir em um processo que levou milhões de anos para acontecer e que continua acontecendo na vida selvagem: “a seleção natural das espécies”. Seleção é o processo pelo qual um rebanho ou uma população é modificada geneticamente. A seleção natural determina que os animais mais adaptados a um ambiente são aqueles que terão o maior número de progênies. Já a seleção praticada pelo homem e que chamaremos de seleção artificial atua em dois tipos de características: as métricas – taxa de crescimento, altura, comprimento; e as visuais – pigmentação, cor, conformação, etc. Na seleção artificial é o homem que determina quais indivíduos irão se reproduzir com maior freqüência com intuito de atender a objetivos específicos.