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A inseminação artificial e a eficiência do rebanho

Leonardo Souza é médico Veterinário pela Universidade Federal de Goiás, especialista em Pecuária de Corte pelo Rehagro, sócio-diretor da Qualitas Melhoramento Genético, com 21 anos de atuação nas áreas de gestão, produção e melhoramento genético. O Programa Qualitas de Melhoramento Genético conta com mais de 40 fazendas, nos estados de GO, TO, RO, SP, PR, MG e MT e também na Bolívia, totalizando um rebanho de mais de 250.000 cabeças.

A falha na detecção de cio é terrível para o rebanho, uma vez que, aumenta o intervalo de partos, com consequências nefastas para a produtividade da fazenda.

A cada falha de detecção de cio e, por sua vez, a não inseminação e não fertilização do óvulo, a parição é adiada por pelo menos 21 dias. Esse adiamento representa uma queda de peso à desmama.  Veja na figura 1 os dados de 101.673 bezerros (machos) desmamados pelos criadores participantes do Programa Nelore Qualitas.

Figura 1.
Peso em quilos aos sete meses de acordo com o mês de nascimento.
Fonte: Qualitas – Melhoramento Genético

Outro problema que ocorre com o adiamento da parição é o aumento da mortalidade de bezerros recém-nascidos, por ocasião do maior desafio sanitário que estes bezerros enfrentam por nascerem nos meses com maior intensidade de chuvas. Veja na figura 2.

Figura 2.
Mortalidade de acordo com o mês de nascimento.
Fonte: Qualitas – Melhoramento Genético

Para piorar ainda mais, estes bezerros que nascem tarde serão bois que serão abatidos mais leves mas, principalmente, serão abatidos mais velhos. Como mostra o a figura 3, referente a dados reais de uma fazenda.

Figura 3.
Idade de abate de acordo com o mês de nascimento (%).
Fonte: Qualitas – Melhoramento Genético

 

Nos rebanhos onde existe estação de monta, o aumento do intervalo entre partos, diminui a chance delas emprenharem até o final da estação, diminuindo assim, o tempo de permanência no rebanho, que é a chamada pelos norte-americanos de “stayability”.

Em rebanhos com índices de desmama acima de 65%, que são raros no Brasil, vaca vazia é vaca destinada ao abate, sendo importantíssima para o faturamento da fazenda.

A tabela 1 mostra o tempo de permanência no rebanho de fêmeas que iniciaram a parição em 2000, aos 36 meses e que foram inseminadas uma vez com observação de cio e depois eram repassadas com touro em uma estação de monta com duração de 120 dias.

Tabela 1.
Tempo de permanência de fêmeas no rebanho.
Fonte: Qualitas – Melhoramento Genético

Na figura 4 veja por que isso ocorre. Se antecipava em 30 dias o início da inseminação das novilhas, pensando que elas, parindo mais cedo, tivessem tempo de se recuperar para emprenhar na segunda estação de monta. Vejam que esse método é de baixa eficiência pois somente 50% das que pariram em 2000 pariram em 2001.

 

Vejam que a cada ano o parto das vacas foi adiantando, forçando assim a saída das vacas do rebanho, resultado do menor tempo que elas tiveram para emprenhar durante a estação de monta.

Figura 4.
Distribuição de nascimentos de 2000 a 2004.

Fonte: Qualitas – Melhoramento Genético

Infelizmente, apesar de viabilizar a utilização de touros geneticamente superiores, a inseminação artificial com observação de cio piora a eficiência reprodutiva das matrizes, aumentando o intervalo entre partos e diminuindo o tempo de permanência das vacas no rebanho. Esse quadro aumenta a necessidade de novilhas para reposição, diminuindo a pressão de seleção nesta categoria. Ou seja, novilhas de pior qualidade são necessárias para repor vacas vazias.

Além disso, a distribuição de nascimentos desfavorece o desempenho dos bezerros à desmama, que continuará pior após a desmama, diminuindo a produtividade do rebanho pelo aumento da idade média de abate dos machos.

Nesta situação, a cobertura por touros melhoradores é mais eficiente que a inseminação artificial com observação de cio.

Felizmente, o ser humano é fantástico e inventou a I.A.T.F. (Inseminação Artificial em Tempo Fixo) mas, será que foi a solução?

Agora apresentamos o efeito da utilização da IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo) sobre estes dois fatores na mesma fazenda.

No gráfico 1 apresentamos a distribuição de nascimentos quando todas as matrizes receberam uma IATF e depois foram repassadas com touros em estação de monta com 120 dias.

Gráfico 1.
Distribuição de Nascimentos nos anos de 2011 a 2015.

Fonte: Elaborado pelo autor

Como mostramos na primeira parte do texto (clique aqui para ler), quanto mais cedo o bezerro nascer, menor será a mortalidade pós-parto, mais pesado ele será desmamado e com menor idade ele será abatido. Se considerarmos outubro como data limite para partos “ideais”, verificamos que a I.A.T.F. proporcionou a seguinte concentração de partos em cada ano:

2011 – 91% dos partos até outubro
2012 – 74% dos partos até outubro
2013 – 67% dos partos até outubro
2014 – 87% dos partos até outubro
2015 – 91% dos partos até outubro

Apesar de melhorar a concentração dos partos no período ideal verifica-se que nos partos com matrizes primíparas (2012) e secundíparas (2013) este percentual piorou, caindo para 74% e 67% respectivamente. Isso mostra que, estas categorias apresentaram um maior percentual de fêmeas que não emprenharam na IATF e que, demoraram para sair do anestro (dar cio novamente), adiando a parição para novembro e dezembro. Se essas fêmeas tivessem recebido uma ressincronização, provavelmente a concentração de partos até outubro teria se mantido por volta de 90%.

Agora apresentamos o comparativo dos dois períodos em relação à taxa de permanência das matrizes no rebanho.

Tabela 1.
Taxa de permanência das matrizes no rebanho.

Fonte: Elaborado pelo autor

A IATF melhorou drasticamente a taxa de permanência das matrizes no rebanho e isso impacta diretamente na fertilidade, aumentando os índices de prenhez. Como benefício há a diminuição da quantidade de novilhas necessárias para a reposição das vacas vazias. Permitindo que somente as melhores novilhas sejam colocadas em reprodução e, só assim, é possível haver, realmente, progresso genético no rebanho.

A tabela 2 mostra que somente com no mínimo 80% de taxa de desmama é possível repor as vacas vazias com as novilhas que estão acima da média (50% melhores) da safra.

Tabela 2.
Novilhas necessárias para a reposição das vacas vazias.

onte: Elaborado pelo autor

 

Portanto, esta tecnologia, muda a produtividade de um rebanho. E se forem utilizados sêmen dos touros “certos”, promove o melhoramento genético com maior velocidade.Com a IATF há o aumento do índice de prenhez, a diminuição da mortalidade pós-nascimento, o aumento do peso de desmama, a diminuição da idade de abate dos machos, o aumento da taxa desmama e da taxa de permanência das matrizes, pois as vacas podem ser emprenhadas com 40 dias ou menos no pós-parto, antecipando e concentrando as parições até outubro.

A distribuição dos nascimentos dos bezerros é uma ótima referência sobre a produtividade do rebanho. Você já deu uma olhada na distribuição da sua fazenda?

 

Autor

Leonardo Souza
Leonardo Souza
Médico Veterinário pela Universidade Federal de Goiás, especialista em Pecuária de Corte pelo Rehagro, sócio-diretor da Qualitas Melhoramento Genético, com 21 anos de atuação nas áreas de gestão, produção e melhoramento genético. O Programa Qualitas de Melhoramento Genético conta com mais de 40 fazendas, nos estados de GO, TO, RO, SP, PR, MG e MT e também na Bolívia, totalizando um rebanho de mais de 250.000 cabeças.

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