“Nesta época, quando a gente tem a maior energia e proteína das pastagens, a gente não pode perder todo o potencial dessa forragem, e fazer uma boa suplementação no geral. A gente vê que o pecuarista fica muito preocupado em suplementar na seca porque na seca ele vê o boi perder peso, mas são duas situações bastante diferentes. […] As pessoas ficam com essa visão de que a seca é um período muito importante para suplementar, mas onde talvez a gente perca as melhores oportunidades de fazer a arroba mais barata do ano é nas águas”, alertou.
“A mesma preocupação que se tem na seca, deve-se ter nas águas. No mínimo, usando sal mineral. O sal mineral em si faz muito mais efeito nas águas do que na seca”, completou.
Segundo Raposo, com o avanço do melhoramento genético dos animais e do próprio potencial produtivo das pastagens, é perfeitamente possível conseguir ganho de até um quilo por cabeça ao dia na época das chuvas. Para tanto, pequenos ajustes devem ser levados em consideração, pois a falta de minerais pode ser o fator decisivo entre o ganho de 800g ou 1kg. “Se eu preciso de 12g de enxofre por animal pra que ele ganhe um quilo e estou dando 10g, este boi vai deixar de ganhar 200g por causa de um detalhe, coisa mínima. O pecuarista está perdendo 20% do ganho potencial que aquela pastagem poderia me dar naquele momento”, calculou.
Em entrevista concedida ao repórter Marco Ribeiro, Raposo falou ainda sobre a relevância da taxa de lotação, afirmando que o pecuarista deve decidir se aposta na sobra de pasto com maior desempenho individual dos animais e menos produção de cabeças por hectare ou se reforça a lotação da UA/ha para fazer o contrário. “O fundamental do manejo de pasto é alterar a carga à medida que você pode pôr mais ou menos animais. O erro mais comum é exagerar, colocar mais animais do que pode. Se você acerta essa lotação num ponto bom, você vai conciliar as duas coisas”, aconselhou.
O pesquisador da Embrapa explicou ainda o conceito de taxa de substituição, que é a troca do consumo de pastagem pela suplementação não apenas mineral, mas também energética. Raposo explicou que, de maneira geral, suplementação energética, ou proteica, é mais cara do que a pastagem e pode ser usada nas situações em que, por algum motivo, os pastos não estejam em boas condições. “A suplementação concentrada não necessariamente traz aumento de desempenho. O que ela pode fazer é deixar o pasto um pouquinho mais folgado. Só que normalmente não compensa trocar forragem pelo concentrado porque ele é mais caro. […] Por outro lado, quando a pastagem não está com qualidade tão boa, e ao longo do período das águas essa qualidade vai piorando, vão diminuindo as chuvas e os fatores de crescimento da forrageira, aí você pode ter algum benefício”, indicou.
Veja a entrevista de Sérgio Raposo na íntegra pelo vídeo abaixo:
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